O público e o serviço público

Em relação ao serviço público, uma dúvida sempre surge quando vemos tantos fazendo concurso só para atingir a estabilidade que uma atividade pública aparentemente traz para as pessoas que a abraçam. Em um período que uma imensidão de candidatos, às vezes com formação tão diversa, procura entrar na atividade pública, sempre fica a pergunta de quando realmente incorporamos a função e passamos a ser parte da organização. Estou no funcionalismo público a cerca de quinze anos e tenho acompanhado a entrada de outros funcionários nestes anos que muitas vezes só entendem suas necessidades e anseios e esquecem o quão é importante o serviço e a capacidade de servir ao público. Muitas vezes nos deparamos com o impasse de até não querer que o público venha até o serviço ou criamos obstáculos para o seu atendimento, dificultando o acesso e a qualidade do serviço que deveríamos oferecer. Não entendo como se espalha a mentalidade de que não ser um gestor na área pública é não ser um bom servidor e que quem atende o público é sempre o servidor menos qualificado e o que menos pode resolver. Acredito ser necessária uma mudança geral de cultura e que o bom atendimento seja o princípio e as pessoas envolvidas no atendimento inicial sejam mais ou tão qualificadas que os gestores que nos administram.

Cultura Organizacional: servidores públicos X funcionários terceirizados

O funcionalismo público, em sua maioria, é composto por pessoas bem informadas a respeito dos assuntos políticos da atualidade e dos aprimoramentos profissionais em sua área, já que são pessoas que além de desempenharem suas funções em um orgão público, estudam ou lecionam, ou certamente já estudaram bastante, o que faz com que sejam indivíduos que tenham um nível cultural elevado e senso crítico aprimorado.
Já os funcionários de empresas terceirizadas no serviço público, possuem outra cultura organizacional. Apesar de estarem focados no trabalho, muitas vezes não dispõem de acesso às informações, quando muito possuem interesse nos acontecimentos políticos e nas políticas associadas à sua área de trabalho. Apenas obedecem aos comandos da empresa da qual fazem parte.

Disso resulta, muitas vezes, em um convívio de duas formas de cultura e comportamento organizacionais em um mesmo ambiente de trabalho, o que pode gerar aprendizado e troca de informações por parte de alguns e conflitos por parte de outros.